Se você me perguntar quando foi que ouvi falar do Kurotel, eu não saberia responder. A impressão que eu tenho é que convivia com esse nome/ ideia/ dúvida/ curiosidade há muitos e muitos anos. Talvez por volta e meia ouvir que alguém tinha ido ou quando esbarrava com notícias de que a celebridade X internacional estava aqui no Brasil com o objetivo único de ir a esse spa médico. “Uau! Esse spa deve ser mesmo diferente pra fazer alguém vir do outro lado do planeta", pensava eu.
Mas ao mesmo tempo não chegava a mim nenhum conteúdo de publicidade que me permitisse conhecer um pouco melhor aquele lugar. Ora, vivemos em um tempo de enxurrada de imagens e conteúdos, de modo que sempre tive a sensação de que a falta de uma comunicação berrante e agressivamente presente nas redes sociais era proposital.
Para entender a complexidade da filosofia do Kur, é necessário vivê-la.
Apesar da curiosidade que me acompanhou por tanto tempo, a decisão de colocar um basta nesse mistério veio apenas em 2021, e meio que de uma hora para outra: junho de 2021, abro o congelador, pego um sorvete edição especial sabor bolo de cenoura do Sorvete Discreto (já pode anotar essa dica!) e, já salivando, coloco uma colherada na boca e sinto gosto de quê? De absolutamente nada, o que não seria crível de um sorvete dessa marca e, por isso, não demorou um minuto para eu me desse conta: "Meu Deus, estou com COVID".
O resultado positivo veio e, claro, fiquei assustada. Depois disso me peguei pensando "mas como vou cuidar de mim?" explico: sou péssima dona de casa e, apesar de extremamente comilona e amar a boa mesa, tenho preguiça de supermercado, nunca tenho nada na geladeira, não sei cozinhar e vivo à base de delivery. Naquele momento me arrependi de ser tão inútil.
Trancada em casa sozinha, só Deus, iFood e Rappi sabem como me alimentei naquele período. Passado o período de quarentena, meu médico me pediu para ficar 1 mês sem praticar exercícios. Então o cenário era o seguinte: antes de pegar COVID e em função do “abre e fecha” das academias, eu já não estava conseguindo me exercitar como de costume > pego COVID e passo 15 dias me alimentando mal e sem exercícios e, finda a quarentena, mais 1 mês sem nenhum exercício. Sou uma pessoa bem disciplinada com bem-estar e exercícios, mas, infelizmente, também sou o tipo de pessoa que fica muito desmotivada vendo tudo "fora do lugar" e imediatamente penso: "Ah, já tá tudo ruim mesmo, então dane-se...depois eu retomo". E eu de fato retomo em algum momento, mas enquanto não o faço, é uma sensação muito ruim de negligência com minha saúde.
Fato é que a minha rotina de cuidado comigo mesma já não era a mesma desde 2020 e pegar COVID foi uma espécie de despertar para voltar a ser quem eu era. E melhor.
Parênteses importante aqui: sou ativa, há mais de 10 anos que faço musculação pelo menos 4x por semana, faço tudo que posso a pé, me alimento bem e, por me alimento bem, leia-se: adoro comida de verdade! e também amo tranqueiras! Sinto dificuldade em me convencer de que não posso comer determinada coisa durante a semana, a ideia de que posso morrer amanhã não tendo comido aquilo que eu amo me aflige! Então durante a semana eu como todas elas, mas em menor quantidade.
De repente, me vi num ciclo vicioso e com bastante dificuldade de sair dele, mas ariana que sou, estava determinada a usar aquele retorno de COVID como um wakeup call, como uma oportunidade de resetar todo o sistema e voltar a cuidar de mim de novo, de dentro pra fora, voltar a fazer coisas boas pelo meu corpo, pelo lado de dentro dele. Eu queria aquela sensação boa de saber que estava cuidando bem da minha saúde, mas que eu havia deixado de lado por um tempo.
Pensei em tirar uma semana de férias em SP e marcar todos os médicos possíveis, mas ainda assim estaria na selva de pedra e, se fosse para tirar uma espécie de "férias part time” (trabalhar meio período), que pelo menos fosse num lugar onde eu efetivamente conseguisse descansar. Foi quando me deu um estalo! Lembrei de uma pessoa próxima a mim, que nunca se exercitou, que não era de se alimentar bem e que vivia uma rotina intensa e estressante de trabalho e, depois de um susto de saúde, resolveu ir ao Kur e voltou outra pessoa e, sobretudo, com outro mindset. Melhor.
E aí me soou como um chamado: “eu sempre tive essa curiosidade pelo Kur! Por ser um spa médico, vou poder passar com diversos médicos, fazer exames, me alimentar bem, fazer exercícios, diversas terapias, e tudo isso no inverno na Serra Gaúcha" Parecia idílico. Eu poderia ter ido a um spa mais perto? Não, não poderia. Lembre-se: eu não estava em busca de um spa tão somente. De um lugar para comer e relaxar. O mais importante para mim naquele momento era o viés médico. Emagrecimento e massagens não eram o objetivo (embora tenha acontecido). E quantas vezes fazemos isso? Tiramos uma semana pra cuidar da nossa saúde, de dentro pra fora? Eu mesma vivo viajando, mas até então, não me permitia tirar uma semana para olhar pra dentro. E uma semana é tão pouco e tão possível!
Ariana que sou, me vi obcecada por aquela ideia e não pensava em outra coisa. Em 10 dias eu já estava num voo para o Rio Grande do Sul. Pousei em Porto Alegre e, de lá, um amigo dono de uma concessionária na cidade e que sabe que sou apaixonada por carros e direção me emprestou uma BMW e lá estava eu, fazendo uma viagem de carro (das coisas que mais gosto), ouvindo minhas musicas, na minha maravilhosa companhia, num frio e paisagens que faziam parecer que eu estava em algum lugar da Alemanha. Quando abri a porta e entrei no hall de entrada do Kur, um dos funcionários (que pouco tempo depois vim a saber que era o maître do restaurante, o sempre simpático Vitor) me chamou pelo apelido. Aquilo me chamou atenção. Como ele sabe? eu nem fiz check-in ainda. Não demorou para que eu percebesse que todos estavam me chamando pelo meu apelido.
Eu sei, agora você imagina que começará um relato sobre tudo que fiz no Kur, mas, infelizmente, sinto que vou frustrá-lo. Eu poderia sim dar esse relato mas daí pensei que isso estragaria todo esse mistério que ronda o Kurotel e eu sou uma pessoa que ama surpresas, de modo que não estragaria a sua. E além de fiel, sou muito protetiva das coisas que gosto.
Mas o que posso dizer: enfim, entendi o mistério, que é completamente espontâneo, ele é uma consequência natural de toda discrição do Kur. Enquanto qualquer marca, estabelecimento está às voltas tentando vender seu peixe via publicidade, o Kur está colocando todas as suas energias do lado de dentro e em quem dentro está. Em cuidar de quem decidiu se permitir olhar pra dentro. E ao fazer isso, o Kur acaba por se beneficiar do melhor tipo de propaganda que há: a do boca a boca, a mais genuína de todas.
Prometendo uma experiência comprometida com a relação entre relaxamento e medicina, o Kur conta com um local e uma estética que favorecem essa missão. A instalação aconchegante, cujo estilo remete às casas de campo antigas da Alemanha, conta com a presença de diversos médicos, clínicas de exame, e incontáveis outras tecnologias dedicadas à avaliação individual de cada paciente. A arquitetura calorosa e a proximidade do spa com a natureza me ajudaram a relaxar, e a familiaridade do staff, muito amável, que sempre fazia questão de me chamar pelo nome, me fez sentir numa casa onde eu me senti muito cuidada. Ao compreender melhor a filosofia do Kur ao longo da minha semana lá, entendi que a clínica reflete esse pensamento também – o que mais importa não é o lado público externo desse lugar e sim o trabalho que é feito lá dentro.
Foi uma semana revezando meus dias entre passagens com médicos, fazendo exames, exercícios, terapias, exercícios, descansando, trabalhando (não me desliguei por completo e o quarto que chega a ser maior que minha casa caiu como uma luva!). Saí do Kur determinada a voltar de tempos em tempos, porque ao mesmo tempo em que sou uma pessoa bem disciplinada, também me permito sair da rotina por completo em viagens, fazer absolutamente tudo que me dá vontade, já sabendo que depois precisarei recalcular a rota.
E é esse “recalcular a rota” que decidi que tentaria fazer no Kur sempre que possível. E venho sendo bem-sucedida nessa meta! Depois dessa primeira vez já voltei ao Kur com uma amiga (foi divertidíssimo ver Victoria Ceridono dormir às 21h15, comer coisas que nem ela sabia que seria capaz de gostar, sem balada - mas não sem discoball! veja o que achamos na piscina!).